Considerações sobre o CONCÍLIO VATICANO II - Sem. Anderson Sousa
PARTE II
PARTE III
PARTE IV
DEI VERBUM
A beleza e profundidade da Sagrada Escritura
O objetivo é difundir a Palavra de Deus e dar o verdadeiro valor as Escrituras. Logo no proêmio destaca-se o objetivo de “propor a genuína doutrina sobre a Revelação Divina e sua transmissão, para que o mundo inteiro, ouvindo, acredite na mensagem da salvação, acreditando, espere e, esperando, ame” (DV n°1).
O capítulo I é sobre a Revelação, que descreve o processo contínuo de comunicação entre Deus e o ser humano. Deus revelou-se aos antepassados, manifestou sua vontade e sua verdade diversas vezes ao longo da história, com o objetivo de conduzir todos à comunhão consigo. Na plenitude dos tempos, revelou-se em Jesus Cristo.
O capítulo II ocupa-se com a transmissão da Revelação divina. Confirma que o acesso a revelação acontece através da pregação dos apóstolos e de seus sucessores. É a chamada “Tradição que se origina nos apóstolos e progride na Igreja sob inspiração do Espírito Santo” (DV n°8). A tradição ajuda a compreender a Escritura, pois ambas estão intimamente relacionadas. São dois pilares da fé cristã, provém de Deus e tendem ao mesmo fim: conduzir o ser humano a Deus. O documento confirma que a Bíblia foi escrita com mãos humanas, mas sob a inspiração do Espírito Santo. Para a interpretação da Bíblia é preciso levar em conta sua inspiração divina, os gêneros literários, a exegese e a hermenêutica.
Os capítulos IV e V tratam do Antigo e Novo Testamento. O Primeiro Testamento contém um retrato da história da salvação e serviu para preparar o advento de Cristo, que veio instaurar o Reino, como é descrito no Novo Testamento.
Por fim, no capítulo VI vemos como a Sagrada Escritura age na vida da Igreja. Aqui percebemos o convite ao aprofundamento a Palavra de Deus através da tradução da Bíblia para todas as línguas, além do estudo e da investigação. A Escritura deve ser a “alma da teologia” (DV n° 24).
A Constituição Dei Verbum deu origem a muitos outros frutos, tais como a renovação bíblica no âmbito litúrgico, teológico e catequético; a leitura e aprofundamento através de estudos; a divulgação da lectio divina e a animação bíblica da Pastoral. Porém, existem ainda muitos cristãos distantes da Bíblia, ignorando seus ensinamentos. Muitos também fazem uma leitura fundamentalista ou superficial, induzindo ao erro. Em fim, muitos ainda não foram iluminados pela Palavra de Deus que é “Lâmpada para nossos pés” Salmo 119. O apelo do Concílio é fazer conhecer sempre mais e melhor a Palavra de Deus, e que encha “cada vez mais os corações dos homens o tesouro da Revelação, confiado a Igreja” (DV n° 26).
O secretário geral do Sínodo dos Bispos de 2008 sobre “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” Nikola Eterovi, afirmou “que [...] a Palavra de Deus, nas suas varias manifestações, seja conhecida, ouvida, amada, aprofundada e vivida na Igreja, e assim se torne Palavra de Verdade e Amor para todos os homens”. Esse sínodo trabalhou a relação entre Revelação, Palavra de Deus e Igreja, numa clara referência e atualização da Dei Verbum. Oxalá ouvíssemos na nossa comunidade as palavras de Paulo aos Tessalonicenses “irmãos rezai por nós, a fim de que a palavra do Senhor se espalhe e seja bem recebida, como acontece entre vós” (II Tess 3,1).